Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

sábado, outubro 24, 2009

O que não sei fazer com as próprias mãos

Eu sou uma Laura que pensa.
Eu sou aquele que te quer e que no mesmo tempo se confunde de te querer. Eu quero casar só se o buquê for de salsinha. Tenho que acordar às oito da manhã e ainda assim fico sonhando em te ter de novo.
Não sei se é sonho ou imaginação. Imagino muito e faço pouco. Te acho um puto, um puto amante e logo já te tiro de mim, te tiro de mim, te arranco de mim com mão de aço e nem sinto, prometo que nem sinto. Do buraco de você, vou caminhando e jorrando sangue sem sentir nada. Nem o vazio que o sangue que me deixa deixa em mim, se o buraco de onde te arranquei é bem maior que mil litros. Se esvazio é porque estive cheia de você e dessa história toda de não te ter quando eu queria. E só poder te ver assim morno acolhido dentro de mim, sem poder penetrar pele e tocar, foi me parecendo injusto tumor benígno e se não morro dele, se não morro de você, morro então do sangue que jorra, baixando minha pressão, me deixando mais cega aos poucos, me fazendo sentar na cama esfumaçada do meu quarto, acender o abajur pra não perder de vista a despedida bruta.
Então olhando pra minha mão de aço onde você se dependura pouco nítido, eu sofro um arrependimento que já não sei de quê e rio dessa coisa boba e você ri pra mim. A minha mão de aço te solta e você nada na poça do meu sangue que ainda jorra enquanto eu morro calma nas lembranças que apagam.


**Alexandre Zampier, Cintia Ribas e Nina Monteiro. numa noite dessas.

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