Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

sexta-feira, julho 31, 2009

Lágrima de rio corre rosto até o mar

Correu até a beira do rio e se deixou cair exausta.
Ela enfim colocou as mãos sobre os joelhos e começou a chorar.
Morena, índia agachada na terra vermelha de barro.
Impulso que me tomou de imediato foi o de ficar olhando e obedeci.
Galego, branquelo em pé camuflado de mata.

Suas lágrimas brotavam dos olhos cascata, rio abaixo iam se dissolvendo, se misturando...
E fui obrigado a pensar nas quantas almas chorosas que, à beira dos rios, emprestaram o gosto de sal ao mar.

É que medo é pra quem tem

Eu não tenho medo do que perco e não que o que perca seja muito pouco. Eu só não tenho medo do que perco. Nem muito, nem pouco.
Eu não tenho medo de avião, só de decolagem.
Não tenho medo de provocação mas, de leve, se reagem.
Também não tenho medo de fantasmas porque não passam de bobagem.
Não tenho medo de ser só.
Não tenho medo de multidão e nem de escuro.
Mas escuro com muita gente, me dá um pouco de medo.


Eu tenho medo de me perder e não que eu seja muita ou coisa alguma. Eu só não tenho medo se tiver alguém por perto.
Não tenho medo de caminhar como se voasse.
Eu só tenho medo dos pombos que voam baixo e de qualquer lado pra outro.
Eu tenho medo dos deuses. Que fiquem putos comigo, não perdoem meus pecados e lancem chagas em castigo.
Mas só disso mesmo tenho medo. É que algum medo, ouvi dizer, até faz bem. Mas só sabe quem sentir. É que medo é mesmo pra quem tem.