Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

segunda-feira, maio 18, 2009

Poemas Breves

Nightclub
"Chove lá fora e aqui..." neva.

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Morto
Apareceu boiando rijo e teso nas águas do Rio Tejo

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Carência
Meu coração, de tão frágil, quebrou-se ao pousar de uma mosca.

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Agonia
Às vezes parece que tem uma árvore crescendo aqui dentro.

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Propriedade
Tudo o que é meu é seu. Menos o que sinto.

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Espera
Muita gente ao mesmo tempo tem me dado vontade de uma só

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Ironia
Me gela a alma um olhar frio. Mas sei fingir que não esquento

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Pae
Meu pai é uma licença poética

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Entrega
Sou apaixonada pelo que me sorri

Felicidade

Desde que inventei que a felicidade é simples como bexiga de ar
Entendi porque a gente quando tá muito feliz pensa que vai estourar

para Juliane Engelhardt que faz minha Curitiba mais feliz

sexta-feira, maio 15, 2009

Eu sinto saudades da minha Vó Zélia

Minha vó tinha um par de asas grudado às costas
As asas batiam sem parar
Mesmo que ela não estivesse no ar

Eu não entendia tamanha esquisitice
Minha vó não me ouvia
Eu começava a gritaria

Eram grandes muito grandes
As asas que batiam sem parar
Fazendo som altíssimo no ar

Com as asas grudadas às costas
A minha vó não ouvia nada
Custei a entender a esquisitice

A minha vó era uma fada.


Até que um dia alçou vôo ao céu e nunca mais voltou
As asas pararam de bater
E ela não pôde mais descer

Ai, vozinha, que saudades de você!

quinta-feira, maio 14, 2009

Aquilo que me assalta vira e mexe

Foi depois daquilo - logo depois - que tudo ficou muito claro, compreensível como se se apresentasse em desenho ou como se eu tivesse engolido a cartilha daquilo em cápsula.
E então tudo foi ficando pequeno ao passo que o que era o todo, aumentava de tamanho diante da minha percepção privilegiada. E tudo com o que me preocupava foi ficando mínimo, e tudo pelo que me interessava foi mudando de forma e me fazendo mudar de idéia e mudar de novo e de novo... O que me fazia rir, chorar e rir e chorar ao mesmo tempo.
Correndo de um lado para o outro para não perder nada daquilo que deixava de ser aquilo pra ser nada, que deixava de ser nada pra ser exatamente aquilo e nada de novo.
Eu gritava, tentava avisar às pessoas, fazê-las ver, mas não podia... Elas não ouviam, elas falavam e falavam coisas cheias de sentido só para quem? Mas compartilhavam ou fingiam que compartilhavam como se o que dissessem interessasse aos outros, como se interessasse a si mesmos.
E eu achava graça e ria. Achava triste e chorava, achava triste e ria, achava graça e chorava.

terça-feira, maio 12, 2009

Desamar

(hum
péssimo.
te perdôo.
te amo incondicionalmente. aconteceu de te amar.
e agora?
nunca ouvi falar em desamar alguém)

Um cara parou meu tio no sinal
apontou um revolver pra dentro do carro
meu tio abriu a porta com força e desarmou o cara
isso é desarmar

minha tia falou pro meu tio que ia embora
ia com o outro pra outro lugar
ela desarmou meu tio, mas meu tio não desamou minha tia
é que desamar não é só questão de tirar erre, sabe, não é

segunda-feira, maio 04, 2009

Seria o fim da festa Junina?

Mas é que eu sou covarde
Mas é que eu sou bocuda
Mas é que eu erro sempre
Mas é que eu moro longe
Mas é que não tenho tempo
Mas é que não tenho grana
Mas é que me falta gana
Mas é que me falta tu
E se tu me faltas eu sigo assim
A me desculpar com chulices
A me condenar por bestices
A acreditar em tolices
A cometer idiotices
Se tu não gostas mais de mim

sexta-feira, maio 01, 2009

Azeda demais para filme americano

É quando eu chego tarde, virada

O sol já querendo vir

Arrastada, esfumaçada


Que eu queria estar num sucesso americano

Pra entrar em casa e ter um bulldog me esperando

Deitar na cama de sapato e tudo embaixo das cobertas


Então levantar descabeladamente linda tropeçando nos meus Gucci

Deixar a água transbordar num banho quente de espumas

E ir a pé pro trabalho porque NY é perfeita no outono