Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

quarta-feira, novembro 01, 2006

Amor Ciclista

:::O amor cometeu uma imprudência
Aconteceu de se espatifar
Doia rim, costela, consciência
Não parava de chorar

Dias no hospital para que tivesse melhora
Cuidados dignos de atleta
Mas confessou não ver a hora
De voltar para sua bicicleta.

E fez exames, fez charminhos
Até piadas fez
Ganhou conselhos, carinhos
E foi cair outra vez!

Esse amor, quanto me apronta!
Já de manhã quer pedalar
E eu fico em casa tonta
Preocupada, a rezar

Mas eu entendo a sensação
O vento na cara, a liberdade
Então aperto o coração
E o deixo à vontade

Até eu me aventurei
Glória, Leblon, Joá
2 ou 3 vezes me espatifei
E nem estava a pedalar!

O amor tudo me ensina
A clipar e desclipar
Se eu caio, não desanima
Logo se põe a me zombar

Esqueçamos os acontecimentos
Quero que sigas pedalando em paz
Porém, fique mais atento
E não caia NUNCA mais! :::

quarta-feira, agosto 30, 2006

Terra-firme

Eu estou ao teu redor - quero pensar.
Na margem
A vigiar teus olhos
Para não baixarem

Soltas, correm tuas mãos
propagando as ondas
que me gritam aos ouvidos
coisas que mais temo
As ondas que me trazem
de volta para praia
cada vez que, confiante
me jogo n'água
E que, vez em quando
vêm molhar meus pés
para mostrar o tanto
que me cabe
e eu agradeço.

Posso notar teus olhos baixarem
Te alerto - Erros devem ser admitidos
Tu te esforças
é verdade
Me orgulha ver

Do meio do lago
olhos duros para frente
percebes meus sorrisos?
Não atentas que aceno?

Me arraste para o lago
não queres?
Nademos juntos
não queres?
Não baixa teus olhos
não vês?
Me afogo fora d'água

sexta-feira, agosto 18, 2006

Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...

Olavo Bilac

Belíssimo.

sexta-feira, julho 14, 2006

terça-feira, junho 20, 2006

Coisa boa é...

...o celular vibrar na minha mão e ser você;
e eu vibrar na sua.

quinta-feira, junho 15, 2006

amar

Faz pouco tempo, descobri que o amor pode acontecer de novo.
E que não basta sentir pra confirmar, se o amor só é amor quando pode amar.
Porque sem amar, é tristeza.

music

A música é como o vento soa aos ouvidos dos deuses.

quarta-feira, maio 24, 2006

Insônia Parte II

Não quero dormir sem você.

O que não tem solução...
merda!

terça-feira, março 28, 2006

Insônia parte I

Ai... dei uma cochilada assim que cheguei do trabalho e desde onze da noite não consigo dormir... To meio preocupada. Não me importo se vc não se importa, mas to afim de falar, ok? Não precisa ler.
Escuta, por que quando ouço um amigo que me diz pra me mandar, pra voltar pra Europa, pra viver a vida de louca, mochila nas costas, cultura, experiência, espontaneidade, dança, arte, morro de vontade de fazê-lo?
Por que me faltam respostas quando ele me pergunta "por que, então, puta merda, vc tá aí ainda?" Por que eu estou aqui ainda? Por que, pela manhã, as coisas me parecem umas e, à noite, já não me soam tão boas? Por que essa bipolaridade infernal??? Será que não consigo tomar uma decisão?
Meu tempo está acabando, entende? Eu quero dançar! Por que me afasto do meu sonho? Por que me afasto de tudo que me apresenta uma pequena dificuldade? Por que não consigo aceitar que não serei a melhor e ponto? Por que essa obsessão míope de querer ser boa pra caralho, saber pra caralho? Imaturidade da porra, isso sim!! Insegurança dos diabos! Vai tomar no cu!
Sabe o que pode ser isso? Medo da frustração. Eu posso ser uma daquelas pessoas que, tendo consiência que tudo corre o risco de falhar, não termina nada. POR ISSO estava te falando pra não me deixar desistir do curso no meio do caminho, meu caro! Tenho um puta talento pra abandonar as coisas. Me desapegar ou, simplesmente, acreditar que aquilo pelo que acabei de me apaixonar é o que eu sempre quis da vida.
Acontece que dói nos músculos, sabia? Dá enxaqueca, a porra toda!
Eu não sei pra onde ir! Mais uma vez. ODEIO "deixar a vida me levar"... porque não consigo admitir que, às vezes, é a única saída? Por que essa hipótese me dói, caralho?
Por que enxergo o que me vem sempre com melhores olhos do que o que tinha se o que eu tinha me fazia muito feliz tb? Ah, se o dia tivesse mais horas!!!!!
E li a Apologia de Sócrates. E quero ler de novo! Vai se foder, como condenam um cara daqueles?? Ai... o mundo já nasceu perdido, não vê?
quantas questões, meu Prazer, quantas questões! Que questões mais ridículas, né? Vc deve estar pensando... "tsc tsc pobre garotinha que não sabe nada da vida, se ao menos tivesse lido isso, ou isso..."
No que pensam as pessoas que me dizer pra ficar, estudar, trabalhar, ser uma cidadã comum? Porque acho que sei no que pensa meu amigo qdo me diz pra ser porra-louca. Ele espera que alguém o tenha como exemplo e que no final, dando tudo certo, ele diga: " ela fez exatamente o que eu disse e olha lá, que linda..." ou não! eu poderia me foder de verde e amarelo e ele talvez dissesse: "è, minha cara, essa opção não é pra todo mundo" Ou não! Talvez ele não me deixasse foder com as coisas. Ai, que viagem ridícula!
no que pensam os que me pedem pra ficar? No que é melhor pra mim? é nisso que pensam? Se baseiam em suas próprias experiências? Deveria, de fato, dar ouvidos a elas? Pra ele foi ótimo sair por aí, se prostituindo, dirigindo ambulância pra sobreviver... hoje as pessoas acham ele um merda e ele se acha tão bom, que nem sei em quem acreditar. Melhor apostar nos meus sentidos, pelo menos dessa vez. Pelo menos na dúvida. PUTA QUE PARIU meus sentidos não me indicam um caminho, UM, 1, único!! Porra que pessoa múltipla que sou!!! Quando paro pra pensar em coisas que poderia fazer... eu poderia fazer tudo! Eu gostaria de fazer tudo! Isso me enlouquece porque... eu quero fazer tudo e não posso e porque talvez isso seja uma grande mentira!!! AAAAAAAAAAHhhhhhhhhh... me salva! Tenho que conseguir dormir. Sou mesmo bipolar e ciclotímica. Nada como um dia após o outro. Até quando?
Obrigada por me ouvir. De uma forma ou de outra.

beijos.

sábado, março 18, 2006

Dança

Desconfie da mulher que não sabe dançar.

sexta-feira, março 17, 2006

Sem título

Acho que a crise não está, exatamente, no que você vem falando em suas aulas. Ok, é inútil tentar identificar onde está a crise. Não tenho essa pretensão. Basta saber que ela existe e que é muito bom mesmo que exista. Até porque, muito do que você diz, eu reconheço. Já passou pela minha cabeça, faz muito sentido pra mim, não é de todo novidade. Só que a gente tende a afastar aquilo com o que não consegue lidar. É bem comum isso, cacete, você sabe melhor que eu, falou disso hoje! Nem sei mais o que eu aprendi com você e o que já sabia... melhor aceitar que não sabia nada porque saber e não compreender o que se sabe, não aplicar ou não poder expressar em palavras é uma merda, é o mesmo que nada ter. E se eu estou escrevendo sobre isso, ainda que de maneira bem pobre, ah... é porque...
O ponto era esse: há alguém com capacidade de verbalizar e, assim, esclarecer e divulgar aquilo que me faz entender tudo e nada em tantos momentos, percebe?
E ouvindo você falar, ouvindo alguém falar e falar tão bem é como se... ok, vamos lá:
Eu tenho um monte de argila e vou pra sua aula. Saio de lá com um vaso. A argila é minha. Mas ela seria argila pra sempre se você não estivesse ali, me ensinando a moldar. Confesso que em muitas partes do vaso você mete a mão e faz sozinho. É bom poder contar com isso. Só quero que você se sinta feliz por eu ter a argila (você vê a argila em minhas mãos, ou eu estou viajando?). É bonito ver que, para quem não tem argila, você traz um tanto da sua pra emprestar. Há quem a pegue para tentar moldar e é importante que você veja isso. Porém, você me aponta que muitos simplesmente não a querem. Isso me entristece e não, ao mesmo tempo... que merda.
Eu tenho a argila e me sinto estranhamente especial por isso. Mas quero uma coleçããããão de vasos, e sua ajuda é muito importante pra mim, percebe? E... eu sei que existem coleções e coleções de vasos, claro! Quero ser capaz de moldar sozinha porque desejo uma coleção infinita... Será possível? Você me mostra que sim, o mundo me grita que não. É porque tem capacidade limitada!

Não vê que existem pessoas disputando o tamanho de suas coleções? Colecionadoras de vasos sanitários, feitos de barro, isso sim!
Foda-se! Não me importo! Eu quero produzir, quero moldar! E se me faltar argila...
Bom... não temo que me falte argila, vez ou outra, se você ainda estiver por aí. É bom que esteja. Vou precisar de você para quebrar meus vasos quando, em momentos de descaso com a vida, eu acreditar que a coleção está grande o bastante.

sábado, março 11, 2006

Sintomas de um dia bom

Há algumas coisas que acontecem em mim que me fazem perceber que o dia é bom, antes mesmo dele virar noite. A essas coisas eu resolvi dar o nome de “Sintomas de um dia bom”. Hoje eu apresentei alguns desses sintomas.
Pra começar, eu saí da faculdade amando o Sol que brilhava forte e, em silêncio, disse: “Obrigada, Vida!” Tropecei nos degraus do ônibus e ri de mim mesma com mais duas ou três pessoas e até fiz piadinha disso. Durante todo o percurso, tinha um sorriso idiota no meio da minha cara e meus olhos piscavam lentamente fazendo charme pro Sol, namorando o Rio, enquanto eu me fazia cafuné...
No centro, ainda pela janela, vi um monumento que ostentava uma plaquinha onde estava escrita a palavra AMIZADE. Puta merda! Se tem uma palavra que me faz pensar, sorrir, sentir prazer, é AMIZADE.
Enfim, caminhando pela Rua do Ouvidor, olhava pra todas as pessoas procurando, sem querer, a tal da essência. Pode rir. Confesso que senti vontade de ver o mundo através dos olhos de muitas delas. E a tantas outras eu desejei que pudesse emprestar os meus que ainda se surpreendem carregados de otimismo, esperança e muitas emoções que fazem a realidade – a minha? – valer a pena.

Foi quando me pegou de surpresa a necessidade de compartilhar com você essa experiência e fui obrigada a me debruçar num balcão dos Correios pra escrever tudo isso. Mas agora eu quero continuar caminhando pra aproveitar esse dia que a sua aula deixou tão bom.

Você é especial.

segunda-feira, março 06, 2006

o dia de ontem

ai, que doidera!
ok.. isso não é um diário!
Vou ser breve, prometo.
Carnaval, samba, gatos, gatas, praia, Ipanema, japonês, chuveiro, cama, filme, sono!
"Um estranho no ninho"
maravilha!
ok... Hoje começam, de fato, minhas aulas. Começaram mesmo há duas semanas... mas ng vai antes do Carnaval!!!!
Perfeito.
To indo nessa.
Café e cigarro me esperam.

terça-feira, janeiro 31, 2006

Cem anos

.. e no meio daquela barulheira toda, aquelas canções bonitas, pensei em pessoas mortas. Pensei em você.
Eu tô no local do crime. Assim me sinto.
E juro que te procuro nos rostos daqui. É que eu queria te achar num dos rostos daqui.. ou em todos pra, quem sabe, eu ficar só com você... E no meio da barulheira, as suas canções bonitas. E então a noite estaria feita e eu iria feliz pra casa porque você voltaria pra sua.
E talvez levassem outros cem anos pra gente se ver de novo. Mas te saber lá já me bastaria. Sempre bastou. Talvez aí se encontre o erro de não ter estado com você o tanto que hoje eu vejo que jamais seria o suficiente. Porque enquanto você estivesse lá, eu me saberia onde. Hoje por quantas vezes me pego procurando por mim mesma.. querendo tanto me encontrar nos seus olhos e aí o dia estaria feito e eu voltaria pra casa, você pra sua.. vivendo de cem em cem anos nos sabendo ali. Sem jamais se perder um do outro, assim, pra sempre.
Eu te amo demais, meu amigo. Sempre amei. Você faz falta... sempre fez. Culpa da vida.

sábado, janeiro 28, 2006

Mar e Lua (Chico Buarque)

Amaram o amor urgenteAs bocas salgadas pela maresiaAs costas lanhadas pela tempestadeNaquela cidadeDistante do marAmaram o amor serenadoDas noturnas praiasLevantavam as saiasE se enluaravam de felicidadeNaquela cidadeQue não tem luarAmavam o amor proibidoPois hoje é sabidoTodo mundo contaQue uma andava tontaGrávida de luaE outra andava nuaÁvida de marE foram ficando marcadasOuvindo risadas, sentindo arrepioOlhando pro rio tão cheio de luaE que continuaCorrendo pro marE foram correnteza abaixoRolando no leitoEngolindo águaBoiando com as algasArrastando folhasCarregando floresE a se desmancharE foram virando peixesVirando conchasVirando seixosVirando areiaPrateada areiaCom lua cheiaE à beira-mar