Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Missing you

Ontem, caminhando pelo centro para chegar ao Passeio onde pegaria meu ônibus, cruzei a calçada do Odeon onde há algum tempo atrás você tinha estacionado o seu carro... senti sua falta. Algo me disse que você me ligaria se estivesse por perto. Desejei que estivesse por perto. E então a gente poderia se encontrar pra conversar, talvez beber uma água mineral e uma coca...Eu, provavelmente, daria muita risada e ia discordar de uma porção de coisas até você conseguir me convencer de que está certo.
Você me confessaria seus dramas, me falaria dos teus trabalhos, teus problemas e eu, especialmente hoje, talvez entrasse na dança.
Esperei o ônibus chegar lembrando de quando você fez umas imitações pra mim, no carro exatamente quando paramos num sinal bem ali em frente ao ponto de ônibus onde estava agora. Foi no dia do Odeon. Boas lembranças daquele dia.Você pode ser muito engraçado, sabia? Eu gosto quando você fala inglês ou imita coisas como na noite em que discutimos com sotaque lusitano sobre uma obra num túnel em Copacabana pelo qual passávamos. Gosto de ouvir tuas histórias. Gosto de saber tua opinião...Gosto de você.
Hoje é outro dia e ainda sinto sua falta. E agora gostaria que você me ligasse perguntando o que estou fazendo e me dissesse: "olha, tô chegando no Rio amanhã, tá? Eu ainda não sei que horas mas te ligo quando chegar no aeroporto." E a gente poderia sentar pra conversar, talvez beber uma água mineral e uma coca... Eu, provavelmente, daria muita risada e a gente discordaria de uma porção de coisas até você me convencer de que está certo. Você me confessaria seus dramas, me falaria dos teus trabalhos, teus problemas e talvez eu entrasse na dança...

Muito do meu carinho ao
"Grand G. T."

Obrigada por tudo.

sábado, outubro 23, 2004

Prazer, eu sou a Vida. ops! Diva. Eu sou a Diva.

A Diva é uma parte de mim que ninguém entende, ninguém se interessa em entender, mas que todo mundo gosta. A Diva existe quando todas as Ninas de dentro de mim resolvem se expressar ao mesmo tempo, todas juntas, loucas, convencidas, disputando um espaço na voz, nos movimentos, na face... A Diva é a revelação de todas as Ninas que eu poderia ser no mundo, se o mundo não fosse essa merda castradora que é. A Diva é a Nina engraçada, a Nina sarcástica, a Nina malandra, amiga, a Nina invejosa, a Nina admiradora, a Nina atriz, a Nina estrela de musicais, a Nina chata, exagerada, a Nina sincera, a Nina interesseira, a Nina cantora, a Nina autoritária, a Nina hipócrita, a Nina generosa,a Nina apaixonada, a Nina bailarina, a Nina carinhosa, a Nina leal, a Nina medrosa, a Nina independente,a Nina medíocre, a Nina crítica, a Nina mau-caráter, a Nina bom-caráter, a Nina organizada, a Nina catastrófica, a Nina sensível, a Nina intensa, a Nina feliz, a Nina triste, ansiosa, amargurada, desapontada, otimista, passional, realista, mentirosa...Enfim, a Diva existe quando todas as Ninas se rebelam, se revelam, e todo mundo aplaude...porque ninguém leva porra nenhuma a sério. ninguém leva a Nina a sério... Nina nenhuma.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Inspiração Vadia - uma crônica pessimista sobre o pessimismo crônico

Poderia falar do tempo hoje. No entanto, há um Sol cretino lá fora, que vem e vai embora, sem ter sequer chance de fazer calor. Uma bosta de tema seria.
Poderia falar da cidade onde vivo. Só que hoje é domingo e aos domingos é tão morta que nesses dias eu gostaria de ir embora exatamente como o Sol, lá fora. Seria um tema chato.
Poderia falar de dança; mas isso tem sido tão estressante, tão pesado, tão gordo que só de pensar já me canso. Não tem sido um tema interessante.
Poderia falar de esperança; porém, acabei de acordar e o desespero da falta de dinheiro, da falta de emprego e do excesso de peso ainda estão sendo digeridos com meu café pra ver se consigo ao menos começar o dia. Seria um tema destruidor!
Poderia sim era falar de pessimismo. Só que as coisas não andam nada boas pro meu lado e só se fala disso quando estamos fortes e tudo está perfeito, assim nada de mal poderia ser atraído. Não é o caso.
Poderia falar do acaso; se por acaso alguém batesse na minha porta agora diretamente do nada para me oferecer uma grana emprestada, um emprego, um cigarro... Mas o acaso costuma falhar comigo. É um tema fracassado.
Poderia falar de mim; mas não quero matar ninguém de tédio. Esse tema seria fatal.
Poderia falar sobre egoísmo, mas sua personificação dorme ali no quarto ao lado e não desejo acordá-la.
Poderia falar de amor; se soubesse em que ele está pensando agora ou se ainda dorme (com quem? ), com o que sonha... e quando acordar, se vai sentir minha falta, se vai me ligar... mas o amor é tão imprevisível... e agora deu pra ficar frio. Nem sei o que pensar. Não, esse não é um bom tema hoje.
Poderia mesmo era falar de saudade. Afinal, há saudade dos pais, saudade de casa, saudade dos amigos, saudade daquela certeza que nunca existiu e que hoje parece estar mais ausente do que nunca.. Saudade de alguém que talvez nem sinta saudades minhas... Saudade de um telefonema, de um convite para jantar, de uma ida ao cinema. Saudade de assistir a um ballet, de ler um bom livro, de ir à praia. Saudade de tê-lo por perto, saudade da segurança da sua voz, dos seus braços, saudade do sorriso nos seus olhos... Saudade dos almoços de domingo, saudade de jogar bola e brincar de boneca. Saudade das brigas com as irmãs, das risadas com as irmãs, saudade das risadas... saudade do calor.
É, eu poderia falar sobre saudade se hoje eu não preferisse guardá-la aqui dentro. Tema muito profundo seria.
Quer saber? Eu não poderia falar nada! Porque essa minha inspiração vadia vem e vai embora assim sem ritmo e sem hora, exatamente como o Sol lá fora.
Então hoje minha alma está nublada.
DRESDEN / 2004

quarta-feira, setembro 29, 2004

Fica à vontade

Por um pouco de paz eu deixo você à vontade na minha casa.
Pode abrir meus vinhos,os armários, minhas gavetas, experimentar meus vestidos,meus perfumes, as trufas que ganhei de natal. Vai fundo! Calça os meus sapatos, faz ligações interurbanas, fuma meus cigarros...
Eu só preciso de um pouco de paz, que vc me deixe em paz.
Por que não assiste a um DVD, não pega um livro pra ler?Vai fazer pipoca, brigadeiro... Pode comeras balas que estão no pote, tem salmão defumado na geladeira, você pode comer também. Prepara uma salada, que tal uma dose de uísque, com gelo ou sem gelo? Não, façamos melhor, toma a garrafa, pega, é sua, pode ficar. Bebe toda, pode beber e se tiver sono, deita na minha cama e dorme, pode dormir, não te preocupas... ah, não bebes uísque? Tudo bem, você pode ficar na internet, pode ter acesso às minhas senhas, pode pegar meu cartão de crédito, eu te deixo dirigir meu carro, te empresto dinheiro...
Mas me dê um pouco de paz. Eu só preciso de um momento pra mim.
E você? Do que você precisa? Eu te dou, pode pedir! Você tem meus brincos se quiser, minha pantufa, meu melhor travesseiro. Pode dormir no meu lado da cama, comer toda minha nutella, meu sorvete de baunília com chocolate... olha, você pode pegar minha bicicleta e ir andar no rio, ou melhor, pode ir a pé, ajuda a perder peso. Pode checar teus e-mails se quiser; liga pros teus amigos, por que não vai ao encontro deles? Faz um pouco de exercício, pega lápis e papel e vai desenhar ou, sei lá, escrever um poema. Não, você não precisa ir embora, pode ficar na minha casa. Sei que não gosta de estar sozinha, então pode ficar. Pode deitar no sofá com os pés pra cima, pode ir na sauna se preferir... eu te empresto uns cubos, umas bolas e você fica aí brincando, ok? Tem tinta ali naquela caixa, você não pintaria uma coisa bem bonita pra mim?
É que eu preciso mesmo ficar em paz.
Não, você não me enche o saco, quer dizer, na verdade, você é um pouco chata as vezes sim, é um pouco demais. O que? Ai desculpa, eu não queria te machucar. Eu lamento muito, sou mesmo um ser cretino e estúpido que não pensa antes de falar alguma coisa... toma, toma esse chocolate, vê se não fica triste, tá bom? Você pode dormir aqui essa noite, pode ficar. Eu te deixo ficar, afinal, eu te amo. Não precisa ir agora no frio e no escuro pro seu apartamento vazio, ficar sozinha, tá bem?
Agora vê se não me chama, porque eu preciso de um pouco de paz, tá legal?
Mas você pode fazer o que quiser... fica à vontade.
DRESDEN /2004

quinta-feira, setembro 23, 2004

Amo essa Música!!

Totalmente Demais

Composição: Arnando Brandão, Tavinho Paes E Robério Rafael

Linda como um neném
Que sexo tem, que sexo tem?
Namora sempre com gay
Que nexo faz tão sexy gay

Rock´n´roll?
Pra ela é jazz
Já transou
Hi-life, society
Bancando o jogo alto

Totalmente demais, demais

Esperta como ninguém
Só vai na boa
Só se dá bem
Na lua cheia tá doida
Apaixonada, não sei por quem

Agitou um lance a mais
Nem pensou
Curtiu, já foi,
Foi só pra relaxar

Totalmente demais, demais

Sabe sempre quem tem
Faz avião, só se dá bem
Se pensa que tem problema
Não tem problema
Faz sexo bem

Totalmente demais, demais

quarta-feira, setembro 22, 2004

Até Quando?

Eu saí de lá triste, acabado, completamente destruído; condenado a sofrer pra sempre. E caminhava com pressa, assim com os pés batendo com força no chão, porque eu queria era fazer birra, chutar alguma coisa! Tinha tanta raiva, tanta dor, que eu podia ir a pé pra casa!
Eu chorava compulsivamente, chorava de saudade. Saudade porque sentia o seu cheiro, via o seu sorriso, ainda queria seus braços, ainda desejava seus beijos... até quando?
Eu chorava sem parar, não queria parar... não podia parar porque ainda queria que ele dissesse "eu te amo", mesmo que não fosse verdade; ainda precisava dormir ao seu lado.
Eu estava podre, cansado, me sentindo a menor pessoa do mundo; ainda assim continuava a andar...
"Tomara que eu não encontre ninguém pelo caminho." Pensei. A última coisa que queria era explicar o que aconteceu; no entanto eu queria que sentissem pena de mim. Precisava. Por isso eu chorava. Porque eu tinha pena de mim mesmo. Eu tava morrendo de pena de mim, eu queria me matar! Tava doendo muito...
Eu ainda ouvia a voz dele... até quando? E chorava mais.
Eu pensava em voltar lá e me humilhar pedindo mais uma chance, implorar pra me aceitar de volta... Eu esqueceria que ele não me ama mais, ele esqueceria que eu o amo tanto. Continuaríamos juntos como antes... eu chorava desesperadamente... Quando, de repente, abriu a porta e chamou o meu nome, pediu pra eu voltar. Gritou o meu nome dizendo pra eu voltar lá!
Há poucos metros na sua frente, indefeso, meu coração ficou então mais apertado, meus pulmões se espremeram um contra o outro como se eu fosse parar de respirar se desse mais um passo a diante. Minhas pernas quase se confundiram, meus quadris quiseram dar meia volta, confesso que por um milésimo de segunto eu parei. E aí minha cabeça passou a pensar.
Então eu apenas segui em frente. ainda chorando feito um louco e com aquela raiva me corroendo, aquela auto-piedade me sufocando...
... eu ainda ouvia a voz dele; mas dessa vez foi só até dobrar a esquina.