Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

terça-feira, novembro 08, 2011

Privada de amar um amor de merda

Vai, vai daqui
Eu não te quero mais aqui
É por isso que te empurro
Não há nada aqui pra você
Eu não tenho nada pra você
O que tenho por você não basta
Não sei você, mas eu sei
Que pra você não basta
Vai embora
Estou te empurrando
Eu sei que dói
No peito e nos ombros
Que aperto com violência
Enquanto te empurro pra porta
Porque se não levas nada daqui
Leva pelo menos
Os hematomas nos ombros
Até que um dia alguém os toque
E os fazendo doer
Te faça lembrar
Que um dia os machuquei
Porque não quis me acompanhar
Até a porta aberta
O corredor escuro
O elevador chegando
Eu te empurro
Eu te empurro
Pro cubículo aceso
A porta pesada
Que parta pra sempre
O elevador descendo
Com teus olhos dentro
Com tua boca dentro
Tua cara toda dentro
Do elevador descendo
A cara toda molhada
De pedir, de implorar
Que não quer nada

Eu sou um surdo emocional,
Tua cega burra!

Um comentário:

Ivan disse...

Intensidade
de Sylvia Plath,
além de elegância
e simplicidade.

Não me é cedo nem precipitado
(e minha mão nem treme)
declarar que amo ler
você, N.M.

I.J.S.