Foi no dia 29 de setembro de 2009, matei um lobo da neve que morava num inverno denso de floresta na minha barriga. Abri buraco no lago congelado. Buraco que abri a marretadas com sapato de salto, orgulho de mulherzinha e joguei o lobo lá dentro. Enterrei no lago gelado o lobo que uivava no meio da tarde aqui dentro. E aí na primavera, vai que ele vira peixes, meu paraíso astral e é engolido por um ganso antes que eu me esqueça que não sei pescar e o lobo-peixe pare na minha rede, na minha panela e acabe na minha barriga pra inverno de novo.
Eu que não vou arriscar no horóscopo, roleta astrológica, pulei no lago pra tirar o lobo-em-cubo, esqueci que era gelado, não devia ter pulado, que se o inverno era floresta dentro, fora da pele é tão frio quanto. E o lobo que matei a marretadas de sapato de salto, orgulho de mulherzinha, morreu também afundado no buraco gélido e já não encontro mais ele aqui, só se mergulhar bem fundo e daí perco eu os sentidos e sentido já nunca foi meu forte, só a intuição. Então me deixo ficar na água fria e viro cubo porque primavera vem e viro peixes, meu ascendente, e se não vier, tanto melhor, alguém me bota em copo baixo, me rega com uísque e bebe toda, toda.
segunda-feira, setembro 21, 2009
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2 comentários:
Adoro ler Nina!
Me faz bem le-la, assim, depois de um gelo de tubo, de cubo em copo de uisque, depois da dança de fundo. Os lobos sao impulsos que nos dao forma. Tomam a nossa forma tbm. "E assim se vive, queo mais é pura perda"
am-t
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