Eu que nunca tive nada
Ousadia, caixa d’água, pé no chão
Andando por aí
Olhando tudo
Com olhar desnudo
Percebendo fundo
A casa que mora
Em cada peito
Dessa gente
Que corre aqui fora
Num tempo
Inventado de hora
Tão longe de si
Tão perto do todo
De tudo
Da casca
Tão fora da casa
De dentro de si
Tão fora da casinha
A conhecer bem mais
Do que não vai lembrar
Bem mais tarde
Não põe alarme na entrada
Não digita senha
Não mura o quintal
Nem grades, nem trincos
Não tem medo de invasão
Perdeu a chave
Não tem migalha no chão
Não sabe o caminho
De volta pra casa
Segue reto
Essa gente em procissão
E eu que nunca tive nada
Só uma estrada sinuosa
Que ainda vai me levar pra casa
A casa que tem em mim
sexta-feira, setembro 25, 2009
quarta-feira, setembro 23, 2009
A inevitável questão de te amar
Quem é essa pessoa que sabe tudo de tudo e me desafia olhando nos olhos?
Quem é essa pessoa que me julga deliberadamente e ainda me dá sentenças, me desprezando, me condenando bobo e feio e loucão?
Que pessoa é essa que me faz as perguntas mais absurdas nos momentos estudadamente inoportunos e que rompe aquela barreira do “eu não conheço bem você” pegando na minha barba e rindo de mim na minha cara?
E por que desperta em mim tanto medo e preguiça? Por que, sem desconfiar, me faz confrontar meu pior inimigo, eu mesmo? E por que me faz querer tanto derrotá-lo? Por que? Quem é essa pessoa que me faz repensar tudo quando eu já havia decidido as duas ou três coisas que me deixam legal e só? Como apareceu assim me fazendo questionar se duas ou três coisas bastam mesmo quando já não se é mais um só, já não se é só.
Eu não sou mais um pra ela, eu tenho título! Mas não sei onde guardei o diploma e talvez nem me importe saber... No entanto, ela vem vasculhar as gavetas, bagunçar tudo, procurar entre os papéis a prova e acaba se distraindo com os lápis coloridos, me faz um desenho, documento irrefutável; escreve lá em cima “PAI” com P virado e aí não tem jeito... sou eu quem dá a mão à palmatória, porque sou eu quem não sabe nada de nada mesmo.
Quem é essa pessoa que me julga deliberadamente e ainda me dá sentenças, me desprezando, me condenando bobo e feio e loucão?
Que pessoa é essa que me faz as perguntas mais absurdas nos momentos estudadamente inoportunos e que rompe aquela barreira do “eu não conheço bem você” pegando na minha barba e rindo de mim na minha cara?
E por que desperta em mim tanto medo e preguiça? Por que, sem desconfiar, me faz confrontar meu pior inimigo, eu mesmo? E por que me faz querer tanto derrotá-lo? Por que? Quem é essa pessoa que me faz repensar tudo quando eu já havia decidido as duas ou três coisas que me deixam legal e só? Como apareceu assim me fazendo questionar se duas ou três coisas bastam mesmo quando já não se é mais um só, já não se é só.
Eu não sou mais um pra ela, eu tenho título! Mas não sei onde guardei o diploma e talvez nem me importe saber... No entanto, ela vem vasculhar as gavetas, bagunçar tudo, procurar entre os papéis a prova e acaba se distraindo com os lápis coloridos, me faz um desenho, documento irrefutável; escreve lá em cima “PAI” com P virado e aí não tem jeito... sou eu quem dá a mão à palmatória, porque sou eu quem não sabe nada de nada mesmo.
segunda-feira, setembro 21, 2009
O lobo que matei ontem
Foi no dia 29 de setembro de 2009, matei um lobo da neve que morava num inverno denso de floresta na minha barriga. Abri buraco no lago congelado. Buraco que abri a marretadas com sapato de salto, orgulho de mulherzinha e joguei o lobo lá dentro. Enterrei no lago gelado o lobo que uivava no meio da tarde aqui dentro. E aí na primavera, vai que ele vira peixes, meu paraíso astral e é engolido por um ganso antes que eu me esqueça que não sei pescar e o lobo-peixe pare na minha rede, na minha panela e acabe na minha barriga pra inverno de novo.
Eu que não vou arriscar no horóscopo, roleta astrológica, pulei no lago pra tirar o lobo-em-cubo, esqueci que era gelado, não devia ter pulado, que se o inverno era floresta dentro, fora da pele é tão frio quanto. E o lobo que matei a marretadas de sapato de salto, orgulho de mulherzinha, morreu também afundado no buraco gélido e já não encontro mais ele aqui, só se mergulhar bem fundo e daí perco eu os sentidos e sentido já nunca foi meu forte, só a intuição. Então me deixo ficar na água fria e viro cubo porque primavera vem e viro peixes, meu ascendente, e se não vier, tanto melhor, alguém me bota em copo baixo, me rega com uísque e bebe toda, toda.
Eu que não vou arriscar no horóscopo, roleta astrológica, pulei no lago pra tirar o lobo-em-cubo, esqueci que era gelado, não devia ter pulado, que se o inverno era floresta dentro, fora da pele é tão frio quanto. E o lobo que matei a marretadas de sapato de salto, orgulho de mulherzinha, morreu também afundado no buraco gélido e já não encontro mais ele aqui, só se mergulhar bem fundo e daí perco eu os sentidos e sentido já nunca foi meu forte, só a intuição. Então me deixo ficar na água fria e viro cubo porque primavera vem e viro peixes, meu ascendente, e se não vier, tanto melhor, alguém me bota em copo baixo, me rega com uísque e bebe toda, toda.
domingo, setembro 06, 2009
Malandragem carioca
Eu caminhava por Copacabana, um calor desgraçado. Copacabana aquele inferno. Tava indo pro bar do Caruso, hábito de anos.
Mas naquele dia, me surpreendeu à minha frente uma bunda fenomenal. Bunda assim daquelas enormes, estudadamente redondas, milimetricamente bem instaladas sobre um par de coxas... das coxas mais perfeitas já vistas aqui por essas bandas, garantido. Coxa de primeira linha, bem roliças, bronzeada... e seu não tivesse esquecido os óculos, podia apostar que era salpicada de uma penugem dourada... penugem... vertigem...
Ai, minha nossa senhora!
A morena mais charmosa de Copacabana. Igual a todas as outras nos sonhos: quer ser princesa, modelete. Puta da melhor qualidade, é de berço. Safada, vedete.
Anda com postura de rainha a coitada.
Que bunda! Que coxas!
Quisera eu ser o calor bandido que avança coxa acima, umbigo abaixo e mancha o vestido dela.
Quisera eu ser esse suor vadio, descer por entre aquelas coxas, lento, escorregadio...
Quisera eu fazer das minhas humildes mãos moradas praquelas nádegas, abrigar os mamilos nos meus dentes...
Morena de andar apressado, aperta sua flor num rebolado...
Quisera eu estar em casa à sua espera, pra refrescar seu corpo com meu sopro, secar sua nuca com minha respiração e te fazer suar tudo de novo.
Mas naquele dia, me surpreendeu à minha frente uma bunda fenomenal. Bunda assim daquelas enormes, estudadamente redondas, milimetricamente bem instaladas sobre um par de coxas... das coxas mais perfeitas já vistas aqui por essas bandas, garantido. Coxa de primeira linha, bem roliças, bronzeada... e seu não tivesse esquecido os óculos, podia apostar que era salpicada de uma penugem dourada... penugem... vertigem...
Ai, minha nossa senhora!
A morena mais charmosa de Copacabana. Igual a todas as outras nos sonhos: quer ser princesa, modelete. Puta da melhor qualidade, é de berço. Safada, vedete.
Anda com postura de rainha a coitada.
Que bunda! Que coxas!
Quisera eu ser o calor bandido que avança coxa acima, umbigo abaixo e mancha o vestido dela.
Quisera eu ser esse suor vadio, descer por entre aquelas coxas, lento, escorregadio...
Quisera eu fazer das minhas humildes mãos moradas praquelas nádegas, abrigar os mamilos nos meus dentes...
Morena de andar apressado, aperta sua flor num rebolado...
Quisera eu estar em casa à sua espera, pra refrescar seu corpo com meu sopro, secar sua nuca com minha respiração e te fazer suar tudo de novo.
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