segunda-feira, março 07, 2011
Pra não perder o costume
Foi engraçado porque ela começou a se jogar pra cima de mim. Atriz. Não acontecia há muito tempo comigo. Fiquei nervoso, tentado, ridículo, sei lá. Engraçado.
Eu percebi a tensão de cara. Ela procurando os meus olhos a qualquer custo.
Me passa o cardápio por favor? A mão estendida na minha direção, os olhos enxergando o outro lado da minha cabeça. Desviei o olhar do dela, foquei "Caldo de mocotó", Pera, ainda to escolhendo. Ela continuava a olhar nos meus olhos, meu nariz sobre o cardápio sobre a mesa, mas o olhar dela, eu sentia, penetrava aquele espaço e vinha confrontar o meu, paralisando minha leitura, porque se mudasse de linha, se espalhasse o foco, podia ser que me pegasse, podia ser que eu olhasse também pra ela de novo, e a gente sabia que não ia prestar. Eu vou de caldo de mocotó. Toma. Virei-me precipitado para o balcão, Amigo! Mais uma cerveja. E quando voltei decidido a confrontá-la, a resistir, alívio breve, seus olhos miravam o copo a minha frente, ainda metade cheio de cerveja. Contemplada com minha confusão, deitou e rolou seus olhos nos meus. A cerveja vai esquentar, Roberto. Você gosta de cerveja quente? Sarcástica ainda. Venceu. Não, eu não gosto de cerveja quente. E também não gosto de caldo de mocotó.
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Um comentário:
Nina, li seu último conto e fiquei encantada...
imaginei cada cena,
mãos,
sorriso,
sinceramente.
Lindo.
ps.: boa sorte com a cerveja!
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