Nunca pensei que fosse santo
Nunca pensei que fosse torto
Nunca pensei que fosse sombra
Nunca pensei que fosse vento
Nunca pensei que fosse tanto
Sempre soube ser o que se via.
segunda-feira, novembro 22, 2010
quarta-feira, novembro 03, 2010
Curitiba Minha
Ai que vontade louca de ficar
Assumir raízes
Deixar crescer também pra baixo
Não ir por aí como fui nascido
Ai que vontade louca de ficar
De me aprofundar em Curitiba
Pertencer às suas letras
Declamar o amor que faz comigo
Como não sentir saudades desde já
Cidade minha que escolhi
Se a vida que me acolhe simplesmente
Não há melhor senão aqui
Ai que vontade louca de ficar
Assumir raízes
Pois você Curitiba minha
É em mim dez mil países.
Assumir raízes
Deixar crescer também pra baixo
Não ir por aí como fui nascido
Ai que vontade louca de ficar
De me aprofundar em Curitiba
Pertencer às suas letras
Declamar o amor que faz comigo
Como não sentir saudades desde já
Cidade minha que escolhi
Se a vida que me acolhe simplesmente
Não há melhor senão aqui
Ai que vontade louca de ficar
Assumir raízes
Pois você Curitiba minha
É em mim dez mil países.
segunda-feira, novembro 01, 2010
sábado, outubro 23, 2010
Acabado
Bom é começar a escrever um texto de amor e apagar tudo só por ter lembrado que não foi amor coisa nenhuma. Capricho é traidor do genuíno. E não me falta nada.
terça-feira, outubro 12, 2010
Monsters
I'm not afraid of anything
But those monsters outside
the fuckers want me as a thrall
They have pliers instead of fingers
They want to read my ears
I don't like them at all
I'm not afraid of anything
But those monsters outside
the fuckers drive me insane
I just wish they had no legs
They are coming to get me
I can hear them whispering my name
Monsters say
Defy me
Fuckers!
Insane defines me
But those monsters outside
the fuckers want me as a thrall
They have pliers instead of fingers
They want to read my ears
I don't like them at all
I'm not afraid of anything
But those monsters outside
the fuckers drive me insane
I just wish they had no legs
They are coming to get me
I can hear them whispering my name
Monsters say
Defy me
Fuckers!
Insane defines me
terça-feira, agosto 17, 2010
glasses
sexta-feira, julho 02, 2010
mulher natural
quinta-feira, junho 24, 2010
moon
terça-feira, junho 15, 2010
Mulherzice Crônica
Eu vou escrever umas linhas de amor, deixar vazar essa vontade de "Querido Diário", porque mais que isso não é, vício de mulherzinha, humanota que vive falando de amor. Talvez seja falta de cultura. Mas quero acreditar que seja só falta de amor mesmo.
Não tenho. Tenho? Amo? Que é isso, essa vontade de dizer "Te amo", mas sendo só vontade, só meio que pra se sentir vivo, sabe?
Como se eu, mulherzinha sem cultura, fosse capaz de compreender o sentido da vida, o desvendar... o amor. Logo eu, que quero estar viva nem sei porquê; que o não saber me faz querer, talvez... mas o amor... amar... Daí eu penso em todos eles. Nos homens, na mulher - uma só - que amei. E vejo seus rostos e me emociono com as coisas que seus olhos me disseram... e não há último ou primeiro. Não ter nenhum deles, exclui qualquer necessidade de classificação. Os amo a todos ainda e sempre, os que realmente amei.
O Último, e esse posso dizer que foi o último. O Último foi uma invenção, uma questão de vida ou tédio. E foi bonito também, quase real, mas quase. Quase porque eu prefiro acreditar que sou muito criativa e não que estraguei tudo. Não! Olha eu de novo. Eu sou criativa. Eu invento paixões e romances com a facilidade de uma pessoa... carente.
Talvez eu estivesse certa sobre o sentido da vida. Talvez seja mesmo o amor, amar. E quem sabe inventar não seja tão mal assim; quem sabe se criando, o quase um dia se torne uma boa surpresa romântica, como se a figura de um daqueles livros finalmente pulasse do papel pra brincar no meu mundo...
Não tenho. Tenho? Amo? Que é isso, essa vontade de dizer "Te amo", mas sendo só vontade, só meio que pra se sentir vivo, sabe?
Como se eu, mulherzinha sem cultura, fosse capaz de compreender o sentido da vida, o desvendar... o amor. Logo eu, que quero estar viva nem sei porquê; que o não saber me faz querer, talvez... mas o amor... amar... Daí eu penso em todos eles. Nos homens, na mulher - uma só - que amei. E vejo seus rostos e me emociono com as coisas que seus olhos me disseram... e não há último ou primeiro. Não ter nenhum deles, exclui qualquer necessidade de classificação. Os amo a todos ainda e sempre, os que realmente amei.
O Último, e esse posso dizer que foi o último. O Último foi uma invenção, uma questão de vida ou tédio. E foi bonito também, quase real, mas quase. Quase porque eu prefiro acreditar que sou muito criativa e não que estraguei tudo. Não! Olha eu de novo. Eu sou criativa. Eu invento paixões e romances com a facilidade de uma pessoa... carente.
Talvez eu estivesse certa sobre o sentido da vida. Talvez seja mesmo o amor, amar. E quem sabe inventar não seja tão mal assim; quem sabe se criando, o quase um dia se torne uma boa surpresa romântica, como se a figura de um daqueles livros finalmente pulasse do papel pra brincar no meu mundo...
segunda-feira, junho 07, 2010
desconfiado descostumo desconexo
Ele fechou os olhos
ela nem respirou e beijou ele.
Eu sabia! Eu sabia que ela ia fazer isso.
Não tinha certeza de quando ela tinha se tornado assim tão previsível.
Será que foi com o tempo?
Ou com a distância?
Será que sempre foi assim e eu que me desacostumei?
Desde quando mergulha assim nos lábios de alguém que só fez fechar os olhos?
Quem é ele? amor novo?
Desde quando ama?
Me desacostumei, será?
Impulsos fervidos de beijos que não reconheço.
De longe, parece filme, é quase inspirador.
De perto, é infantil, desesperado, me dá certo embaraço.
Não tenho certeza de quando comecei a me sentir constrangido pelos outros.
Eu, que antes ria, agora rio amarelo, cubro o rosto, mudo de canal.
Gestos atabalhoados respingam em mim e me incomodam como andar de bicicleta sem paralamas, numa cidade grande, em dia de chuva - leptospirose certa.
ela nem respirou e beijou ele.
Eu sabia! Eu sabia que ela ia fazer isso.
Não tinha certeza de quando ela tinha se tornado assim tão previsível.
Será que foi com o tempo?
Ou com a distância?
Será que sempre foi assim e eu que me desacostumei?
Desde quando mergulha assim nos lábios de alguém que só fez fechar os olhos?
Quem é ele? amor novo?
Desde quando ama?
Me desacostumei, será?
Impulsos fervidos de beijos que não reconheço.
De longe, parece filme, é quase inspirador.
De perto, é infantil, desesperado, me dá certo embaraço.
Não tenho certeza de quando comecei a me sentir constrangido pelos outros.
Eu, que antes ria, agora rio amarelo, cubro o rosto, mudo de canal.
Gestos atabalhoados respingam em mim e me incomodam como andar de bicicleta sem paralamas, numa cidade grande, em dia de chuva - leptospirose certa.
quarta-feira, maio 05, 2010
Conexao-Verbindung
Nao, nao era alguem do alem. tampouco fbi, cia, nao.
Era eu tentando algum contato, tocar sua voz com meus ouvidos.
Sem medo ou maiores especulacoes.
A saudade nao é uma grande coisa pra quem nao se lembra.
E se nao me pôde ouvir, nao invente coisas que atrapalhem ainda mais nossa conexao, desviando a energia que vibro pra ti como quem a tira com a mao do seu curso natural que é daqui praí; como quem a empurra da ponte fazendo-a voar pra baixo e se espatifar no fim do penhasco sem deixar sobrar nada inteiro, exatamente como se faz com coracoes.
Nao invente, nao atrapalhe, nao a deixe despencar e principalmente, nao se atire com ela.
Era eu tentando algum contato, tocar sua voz com meus ouvidos.
Sem medo ou maiores especulacoes.
A saudade nao é uma grande coisa pra quem nao se lembra.
E se nao me pôde ouvir, nao invente coisas que atrapalhem ainda mais nossa conexao, desviando a energia que vibro pra ti como quem a tira com a mao do seu curso natural que é daqui praí; como quem a empurra da ponte fazendo-a voar pra baixo e se espatifar no fim do penhasco sem deixar sobrar nada inteiro, exatamente como se faz com coracoes.
Nao invente, nao atrapalhe, nao a deixe despencar e principalmente, nao se atire com ela.
quarta-feira, abril 21, 2010
The best
When we are alone at home and we have nothing better to do,
My pride and I lie to myself.
Just like you and your need, when You have nothing better to do,
You go around winning some hearts.
One day, my pride and I, we had nothing better to do,
We decided that you would not win mine.
But when you had nothing better to do,
You and your need opened your door to me.
I came in and said “hi”,
My pride and I looked at each other and said “bye”.
Just because we knew, that was the best thing we could do.
domingo, março 21, 2010
Azulão
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Bicho
e que que se faz com esse bicho que rói aqui dentro soda cáustica veia por veia espaguete bolonhesa, puta que me pariu e por dentro do meu umbigo o estrago que faz e na garganta quando sopra quente, que que se faz? agarro toda minha pele, aperto, contraio abdômen, quero sufocar o bicho, ele ganha espaço, sarcástico, bicho cresce no aperto. quase pego ele na minha cintura, pego no pé dele, toco. ele morde e dói de novo. mora aqui essa peste, o bicho que rói aqui dentro, filho de uma puta, quer um nome. é que tudo o que a gente tem dentro parece que deve ao mundo resposta em palavra. tudo pra fora, como se soltar voz no vento libertasse o bicho. falsa sensação que às vezes funciona. então se diz que é amor. que é ansiedade. depressão. essas coisas que não se remedeiam com homeopatia ou cocaína ou porre de tequila pq de tudo se tem ressaca se é tudo sempre questão de acordar e disso eu não abro mão, bicho fodido. bicho fazendo freje, fazendo a louca, me estrangulando mas eu não vou dizer nada. não vou soltar uma palavra, ninguém engana o bicho, sacana.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
Peter Pan
Eu e meu amigo Peter Pan, nós gostamos de cantar para as estrelas.
E quando está nublado, cantamos um pro outro.
Às vezes nos permitimos, mudos, ao aconchego do ombro um do outro e bocejos e cochilos até. E quem dá o ombro, geralmente fica responsável por fazer cafunés com a ponta do nariz naquele que descansa.
Ele sabe que eu tenho medo de altura, então voa baixo comigo em suas costas, espiando pelos vidros dos trens, dos carros nas estradas, acompanhando o galope dos animais selvagens: Búfalos, cavalos, elefantes.
Fazemos verão com as andorinhas e voltamos pra casa, pra minha janela, porque em noite de verão, tem estrela no céu e daí dá pra cantar pra elas.
E quando canso, ele continua sozinho.
Meu amigo Peter Pan que não tem medo de nada... Canta pra mim, apoiada em seu ombro, abraçada aos meus joelhos.
E quando é hora de ir, simplesmente me beija e vai. Me beija nos lábios e vai. Não me leva pra sua Terra do Nunca. Me deixa sempre uma esperança.
Ai Peter Pan, Peter Pan, meu amigo malvado! Que será de mim no dia em que não voltar mais pra me levar em suas costas? Que sentido terão as estrelas, afinal, quando não mais cantarmos juntos pra elas? Que sentido terá o verão?
Eu cresço, Peter Pan, eu cresço...
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Berdeline
I see a thousand flowers on my way to you
I pass by shadows of walls and trees
I have no shoes on
The silent streets to you are heaven
I sing to the birds, they are flying around my ears
I can hear your voice saying “hi”
Those miles I left behind two years ago…
I’ve been following stars and clouds
They are my road to you, Berdeline
I have nothing else
But lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
A little butterfly takes me on its shoulder
I’m flying to you on the back of joy!
Open the gate to your garden
Sweet Berdeline!
I have a gift for you
I’ll give you this butterfly.
Put some warm water in a pot
Add some salt and herbs to it
I’ll repose my feet in this water
‘Cause I’m coming and I have no shoes on
I only have lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
But that’s all. That’s all I have.
I pass by shadows of walls and trees
I have no shoes on
The silent streets to you are heaven
I sing to the birds, they are flying around my ears
I can hear your voice saying “hi”
Those miles I left behind two years ago…
I’ve been following stars and clouds
They are my road to you, Berdeline
I have nothing else
But lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
A little butterfly takes me on its shoulder
I’m flying to you on the back of joy!
Open the gate to your garden
Sweet Berdeline!
I have a gift for you
I’ll give you this butterfly.
Put some warm water in a pot
Add some salt and herbs to it
I’ll repose my feet in this water
‘Cause I’m coming and I have no shoes on
I only have lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
But that’s all. That’s all I have.
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segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Alguém que me entregue o céu e me faça querer
Com três céus nas mãos, ela bateu na minha porta. Eu abri e ela me estendeu os braços, abriu as mãos e numa delas, na direita, acho, tinha um e na outra, dois céus. Eram azuis e ensolarados, mas não faziam calor. No entanto, eu suava. Ao mesmo tempo, aquele maldito inverno na barriga.
Não pequei nenhum deles. Fechei a porta abruptamente. Virei as costas e voltei pro meu apartamento. minha solidão. meu inferno.
(foto: Arek Głębocki)
segunda-feira, janeiro 25, 2010
Seguir só
E quem quiser me acreditar
Que me siga!
Nas minhas mentiras curativas
Que me siga!
Naquilo que inventei para mim mesmo
Que me siga!
Me sigam aqueles que têm medo
De perder o que lhes é querido
E por isso, só por isso
Mentem.
Aqueles que guardam pra si o que é de risco
Que me sigam!
Porque escolhi o meu caminho num cesto onde deitavam mais dois ou três e nenhum deles, nem mesmo o que tirei, nenhum era certo, todos sinuosos. Então peguei o mais estreito, estreitíssimo caminho sinuoso.
Pra sentir como é caminhar sem ter alguém do lado. Sem a responsabilidade de carregar pela mão. Não, não me peça. Porque se sigo só, é pra não te abandonar algum dia, é pra tu não me abandonares. Somente se isso for o inevitável, que disso não há cesto onde se possa escolher...
Que me siga!
Nas minhas mentiras curativas
Que me siga!
Naquilo que inventei para mim mesmo
Que me siga!
Me sigam aqueles que têm medo
De perder o que lhes é querido
E por isso, só por isso
Mentem.
Aqueles que guardam pra si o que é de risco
Que me sigam!
Porque escolhi o meu caminho num cesto onde deitavam mais dois ou três e nenhum deles, nem mesmo o que tirei, nenhum era certo, todos sinuosos. Então peguei o mais estreito, estreitíssimo caminho sinuoso.
Pra sentir como é caminhar sem ter alguém do lado. Sem a responsabilidade de carregar pela mão. Não, não me peça. Porque se sigo só, é pra não te abandonar algum dia, é pra tu não me abandonares. Somente se isso for o inevitável, que disso não há cesto onde se possa escolher...
Pária
Remédios para dormir. Um ficheiro de nova época. Para quem os ousar abrir, nada mais que em si o representa. Muito mais que um tópico gigante, a necessidade aéra de deixar passar o tempo. Palavras ilegíveis, abundância em consoante, visita e revisita, um por um, enquadramentos. Carregadas de conceitos estampados, se avista mais profundo que no instante, pode ser que ache mais, mais adiante. O que logo se sacode e é acabado, não se demora em escorregar pra outros lados. E é de rir-se a façanha miserável do dom de confiar que a dor se cura com o tempo e que não há culpa no que se faça com beleza, e isso lá já é tatuado. E foi mexida e saqueada, conquistada e dividida tantas vezes, terra sagrada, que é até fácil acreditar que cada um de nós traz no comportamento características inquestionáveis de nossa amada pátria. Com o que se desculpa, sem o dizer e sem tal cobrança, aquele que não passa, para si, de um pária.
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Cenários para uma vida III
Tava um calor de lascar. Lá fora todo mundo super feliz, astral super em alta, comidinhas pequenas e coloridas, decoração de bambu, muita chita, muita vela dentro de coco vazio, uma graça tudo lá fora, mas aqui... aqui dentro... milhares de papéis voavam frenéticos num vento gelado, o barulho de um país inteiro na hora do rush, sensação de documentos importantíssimos voando pelos ares e caindo na piscina do vizinho e esfarelando-se antes que eu tivesse tempo de me jogar pra tentar resgatá-los, realizando enfim um desejo de infância. Não. Os papéis esfarelam-se. O vento continua forte aqui dentro e gelado, as janelas escancaradas, os documentos importantes se dissolvendo, a ventania gelada forte, o barulho de buzinas e freadas e homens tristes e sem esperança vendendo pipocas e limpadores de pára-brisa, ao berros. Aos berros. Os homens tristes estão aos berros oferecendo as pipocas do pacote vermelho nos sinais e os sinais são verdes e nenhum carro anda, os carros de trás buzinam, os carros da frente então arrancam cantando os pneus e esse barulho dói no meu último dente de cima, da direita. O medo enorme de ter cometido um erro enorme. E seria tão bom se esse fosse apenas o erro enorme de ter cometido um medo enorme. Mas meu medo tem sentido. Tenho sentido medo. E agora é mais presente que nunca. É como se tivesse mesmo condenado alguém e ainda não saber quem. Só havendo duas possibilidades, nem posso salvar um dos dois agora, nem sei se quero. A dor é o castigo pra quem não ignora a dúvida pra valer. Pra quem não a ignora até o fim, até doer mesmo, até gastar. E aí tem isso. Isso de documentos importantes sendo perdidos, esse barulho gelado no peito, essa ventania de carros, um país inteiro aos berros. De repente um vácuo, um sufoco, uma vontade de que nada disso seja real, uma vontade de acreditar que o percurso é o que vale, mas nada se pode garantir pelo outro, por si já é impossível, pelo outro... só rezando. Só vendo. Só pagando pra ver. Dói a incerteza de que um dia eu vou ser impotente diante da tua partida, diante da tua falta de desejo, diante de algum insucesso, diante dos teus olhos me vendo partir. Diante de qualquer dor que te provoquem, que te provoque, que me provoque. Porque é certo que quem faz sofrer, nesse pé que estamos, sofre junto e às vezes mais. Tão difícil saber... adivinhar... mais difícil é abrir mão. Abrir mão da mágica que não existe, mas que a gente quer acreditar, porra! Ver qual é, sim! Porque tem esse negócio de a gente se amar e ter muito a ver e esse outro negócio de você morrer de orgulho de mim e de eu não saber fazer nada sem você. Logo eu, que sempre fui do mundo, dos caminhos. Mas aconteceu de eu te olhar ali parado, me esperando, cinco anos depois, e simplesmente me sentir em casa. Como se eu estivesse voltando de uma longa viagem de trabalho. De repente o sonho tomou outro lugar, não sei pra onde foi, mas a realidade sentou nele e isso me deu um medo. Um medo de ter acertado. Ter acertado em cheio. Porque quando a gente acerta e ganha, a gente tem. E só se perde alguma coisa, quando você a tem. E eu que nunca tive nada a perder, de repente acertei em cheio e nem me dei conta de que se eu perder o que ganhei, talvez as coisas não voltem a ser como antes. É que as coisas que a gente ganha da vida, algumas mudam a gente, não tem jeito. A gente ganha elas e elas ganham a gente. “A vida tem dessas coisas”, dessas trocas. E por isso, eu acho que é por isso, por causa dessas trocas, que a vida vem valendo a pena. Então acho que é por isso que to aqui hoje. E por isso essa confusão dentro de mim, porque nem tudo na gente, muda numa vida, e isso sim, é muito meu e já de antes, esse lance de sofrer por antecipação, mas de só pensar quando já tá feito. Porque na verdade, eu sempre fui muito contraditória e confusa, minha vida sempre foi esse paradoxo e no final das contas, eu vou que vou sempre e acabo resolvendo as dores, as minhas pelo menos e as dos outros, eu esqueço egoisticamente baseada naquele ditado péssimo “o que não tem solução, solucionado está”. Baseado nele também eu mesma desenvolvi um lema: Nunca pensar no que se está perdendo, mas no que se está ganhando. Mas eu tenho que lembrar que isso vale pro AGORA. Pro HOJE. Porque o amanhã... é essa loucura que a gente não sabe, né? Então eu vou voltar pra nossa festa. E vou tentar todo dia, deixar o tempo escorrer entre a gente e embalar nosso ritmo. Vou respirar mais e ser mais tolerante com você e comigo e com o que eu não consigo explicar ou resolver. Vou te amar muito e quando você quiser ir, mas quiser mesmo, com certeza, eu vou te deixar ir e vou tentar te poupar das minhas lágrimas e das minhas chantagens de mulherzinha porque eu só quero que você seja feliz sempre e sei que me ver chorar te entristece. E se um dia isso mudar, pra você ou pra mim, isso de nos deixar tristes ver o outro triste, a gente pode conversar porque pode ser que já não interesse pra nenhum dos dois esse novo “outro”. E desse jeito assim a gente vai que vai porque a festa tá rolando lá fora, tá tudo lindo, o medo existe e não posso negá-lo, tampouco lutar contra ele, esse medo é compromisso, é cuidado, coisas que são inerentes ao amor e hoje eu escolhi o amor, custe o que custar.
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