segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Bicho
e que que se faz com esse bicho que rói aqui dentro soda cáustica veia por veia espaguete bolonhesa, puta que me pariu e por dentro do meu umbigo o estrago que faz e na garganta quando sopra quente, que que se faz? agarro toda minha pele, aperto, contraio abdômen, quero sufocar o bicho, ele ganha espaço, sarcástico, bicho cresce no aperto. quase pego ele na minha cintura, pego no pé dele, toco. ele morde e dói de novo. mora aqui essa peste, o bicho que rói aqui dentro, filho de uma puta, quer um nome. é que tudo o que a gente tem dentro parece que deve ao mundo resposta em palavra. tudo pra fora, como se soltar voz no vento libertasse o bicho. falsa sensação que às vezes funciona. então se diz que é amor. que é ansiedade. depressão. essas coisas que não se remedeiam com homeopatia ou cocaína ou porre de tequila pq de tudo se tem ressaca se é tudo sempre questão de acordar e disso eu não abro mão, bicho fodido. bicho fazendo freje, fazendo a louca, me estrangulando mas eu não vou dizer nada. não vou soltar uma palavra, ninguém engana o bicho, sacana.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
Peter Pan
Eu e meu amigo Peter Pan, nós gostamos de cantar para as estrelas.
E quando está nublado, cantamos um pro outro.
Às vezes nos permitimos, mudos, ao aconchego do ombro um do outro e bocejos e cochilos até. E quem dá o ombro, geralmente fica responsável por fazer cafunés com a ponta do nariz naquele que descansa.
Ele sabe que eu tenho medo de altura, então voa baixo comigo em suas costas, espiando pelos vidros dos trens, dos carros nas estradas, acompanhando o galope dos animais selvagens: Búfalos, cavalos, elefantes.
Fazemos verão com as andorinhas e voltamos pra casa, pra minha janela, porque em noite de verão, tem estrela no céu e daí dá pra cantar pra elas.
E quando canso, ele continua sozinho.
Meu amigo Peter Pan que não tem medo de nada... Canta pra mim, apoiada em seu ombro, abraçada aos meus joelhos.
E quando é hora de ir, simplesmente me beija e vai. Me beija nos lábios e vai. Não me leva pra sua Terra do Nunca. Me deixa sempre uma esperança.
Ai Peter Pan, Peter Pan, meu amigo malvado! Que será de mim no dia em que não voltar mais pra me levar em suas costas? Que sentido terão as estrelas, afinal, quando não mais cantarmos juntos pra elas? Que sentido terá o verão?
Eu cresço, Peter Pan, eu cresço...
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Berdeline
I see a thousand flowers on my way to you
I pass by shadows of walls and trees
I have no shoes on
The silent streets to you are heaven
I sing to the birds, they are flying around my ears
I can hear your voice saying “hi”
Those miles I left behind two years ago…
I’ve been following stars and clouds
They are my road to you, Berdeline
I have nothing else
But lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
A little butterfly takes me on its shoulder
I’m flying to you on the back of joy!
Open the gate to your garden
Sweet Berdeline!
I have a gift for you
I’ll give you this butterfly.
Put some warm water in a pot
Add some salt and herbs to it
I’ll repose my feet in this water
‘Cause I’m coming and I have no shoes on
I only have lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
But that’s all. That’s all I have.
I pass by shadows of walls and trees
I have no shoes on
The silent streets to you are heaven
I sing to the birds, they are flying around my ears
I can hear your voice saying “hi”
Those miles I left behind two years ago…
I’ve been following stars and clouds
They are my road to you, Berdeline
I have nothing else
But lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
A little butterfly takes me on its shoulder
I’m flying to you on the back of joy!
Open the gate to your garden
Sweet Berdeline!
I have a gift for you
I’ll give you this butterfly.
Put some warm water in a pot
Add some salt and herbs to it
I’ll repose my feet in this water
‘Cause I’m coming and I have no shoes on
I only have lots of kissing, cooking, dancing
And making-love-to-you dreams.
But that’s all. That’s all I have.
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segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Alguém que me entregue o céu e me faça querer
Com três céus nas mãos, ela bateu na minha porta. Eu abri e ela me estendeu os braços, abriu as mãos e numa delas, na direita, acho, tinha um e na outra, dois céus. Eram azuis e ensolarados, mas não faziam calor. No entanto, eu suava. Ao mesmo tempo, aquele maldito inverno na barriga.
Não pequei nenhum deles. Fechei a porta abruptamente. Virei as costas e voltei pro meu apartamento. minha solidão. meu inferno.
(foto: Arek Głębocki)
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