Mexo

Mexo
:::em tudo (foto: Rafael Bertelli)

terça-feira, janeiro 31, 2006

Cem anos

.. e no meio daquela barulheira toda, aquelas canções bonitas, pensei em pessoas mortas. Pensei em você.
Eu tô no local do crime. Assim me sinto.
E juro que te procuro nos rostos daqui. É que eu queria te achar num dos rostos daqui.. ou em todos pra, quem sabe, eu ficar só com você... E no meio da barulheira, as suas canções bonitas. E então a noite estaria feita e eu iria feliz pra casa porque você voltaria pra sua.
E talvez levassem outros cem anos pra gente se ver de novo. Mas te saber lá já me bastaria. Sempre bastou. Talvez aí se encontre o erro de não ter estado com você o tanto que hoje eu vejo que jamais seria o suficiente. Porque enquanto você estivesse lá, eu me saberia onde. Hoje por quantas vezes me pego procurando por mim mesma.. querendo tanto me encontrar nos seus olhos e aí o dia estaria feito e eu voltaria pra casa, você pra sua.. vivendo de cem em cem anos nos sabendo ali. Sem jamais se perder um do outro, assim, pra sempre.
Eu te amo demais, meu amigo. Sempre amei. Você faz falta... sempre fez. Culpa da vida.

sábado, janeiro 28, 2006

Mar e Lua (Chico Buarque)

Amaram o amor urgenteAs bocas salgadas pela maresiaAs costas lanhadas pela tempestadeNaquela cidadeDistante do marAmaram o amor serenadoDas noturnas praiasLevantavam as saiasE se enluaravam de felicidadeNaquela cidadeQue não tem luarAmavam o amor proibidoPois hoje é sabidoTodo mundo contaQue uma andava tontaGrávida de luaE outra andava nuaÁvida de marE foram ficando marcadasOuvindo risadas, sentindo arrepioOlhando pro rio tão cheio de luaE que continuaCorrendo pro marE foram correnteza abaixoRolando no leitoEngolindo águaBoiando com as algasArrastando folhasCarregando floresE a se desmancharE foram virando peixesVirando conchasVirando seixosVirando areiaPrateada areiaCom lua cheiaE à beira-mar